Alertas sonoros e luminosos se espalham pela cabine e o painel de controle indica fogo na turbina esquerda. O comandante tenta controlar a situação. Apesar do cenário caótico, não há pânico. A chuva, os alertas e o incêndio são simulações na cabine E-190, um simulador de voo de última geração usado pela companhia aérea Azul para trinamento.
Programados para responder de forma idêntica de aviões, esses equipamentos diminuem os custos de treinamento, aumentam a segurança dos voos e ajudam a suprir a mão de obra necessária para um mercado em expansão.
O E-190 reproduz todas as falhas que um avião pode sofrer ( elétrica, hidráulica e pneumática ) e capacita o piloto a enfrentar problemas como fogo e vento, diz o comandante da empresa. A sensação para quem está no simulador é muito próxima da real.
A simulação é tão perfeita que a ANAC decidiu substituir parte do treinamento de pilotos por máquinas como o E-190. Das 75 horas obrigatórias de pousos e decolagens às cegas é preciso manobrar com a ajuda de aparelhos. 30 horas são feitas no simulador. Fabricados pela FlightSafety, empresa americana especializada em treinamentos aéreo. Esses simuladores funcionam como grandes videogames. O controle é o manche e as fases do jogo, são diferentes rotas e aeroportos que o candidato precisa percorrer.
Os treinamentos são feitos sempre em duplas comandante e piloto precisam reagir às situações impostas pelo instrutor, que ocupa uma pequena área atrás dos assentos da tripulação. Com a ajuda de uma tela sensível ao toque, o instrutor decide tudo o que acontecerá durante o voo ( treinamento ).
A estrutura responsável pelo funcionamento do E-190 está instalada em uma sala onde computadores com processadores Intel rodando Windows. A FlighSafety escolheu usar PCs comuns para facilitar a manutenção e a troca de peças. A estrutura de alumínio da cabine e sua cobertura branca de fibra de vidro arredondada e equipada com um moderno sistema de imagens, a cabine garante aos pilotos a sensação de profundidade. O simulador não possui telas, mas uma cobertura flexiva de um material chamado Mylar, um tecido que permanece esticado por uma bomba a vácuo, três projetores geram imagens 60 graus e criam um meio circulo de visão. A sensação é de estar em pleno voo.
A sede da Azul em Barueri SP, treinou mais de 500 pilotos, e tem horas de voo suficientes para dar 455 voltas ao mundo. Em uma indústria como a da aviação, onde 32% dos custos correspondem à combustível, diminuir gastos com treinamentos em aviões faz sentido. A conta é simples para cada aeronave são necessários seis tripulações, com, comandante, copiloto e comissários. A empresa receberá no próximo ano um novo avião por mês, serão necessárias centenas de horas de treinamento para os novos pilotos, que precisam tirar a habilitação específica para as aeronaves da Embraer, além das 14 sessões de quatro horas de voo cada, a Azul precisa renovar o treinamento de sua equipe todos os anos.
O resultado é uma superlotação nos simuladores, que funcionam 20 horas por dia, 7 dias por semana, a alta taxa de ocupação desses simuladores se explica também pela demanda da indústria. Que tem um déficit grande pilotos.
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